Com os valores de juros cada vez mais baixos e os rendimentos provenientes de depósitos a prazos já não são o que eram nos inícios dos anos 2000, os portugueses têm vindo a investir em plataformas que permitam obter uma maior rentabilidade, tal como acontece com o investimento em P2P Leading.
O que é P2P Lending? Como funciona? Quais as plataformas peer-to-peer? Como investir em Portugal? Quais as melhores plataformas para investir? Quais os riscos? São estas as perguntas que serão respondidas neste artigo.
O que é P2P Lending?
Peer-to-peer (P2P) é um termo em inglês que significa “pessoa para pessoa”. Um empréstimo peer-to-peer (P2P) permite que os indivíduos obtenham empréstimos diretamente de outros indivíduos, eliminando a instituição financeira como intermediária. Todo o processo é realizado através de uma plataforma. Desta forma, o custo de funcionamento é menor e por sua vez as taxas de juro são mais elevadas.
Como funciona?
Ao invés das tradicionais instituições bancárias, o empréstimo é realizado através de uma plataforma. Essas plataformas são responsáveis pela administração de todo o processo. As mesmas encontram projetos para financiarem e colocam disponíveis online para todos os investidores terem acesso.
O investidor apenas tem de registar-se e seguidamente colocar o dinheiro que pretende investir. Uma vez o dinheiro colocado na plataforma, o investidor pode escolher qual o projeto que pretende fazer parte. Há diversos tipos de projetos consoante a plataforma em questão, que podem ir desde a financiamento para a construção de parques eólicos até ao financiamento para a construção de edifícios. Este tipo de investimento é possível de ser realizado por qualquer indivíduo, uma vez que o investimento começa com apenas 5€.
As condições dos projetos são apresentadas pelas plataformas. Por norma, apresentação uma taxa fixa (juros) e também um período de carência (tempo do empréstimo).
Os juros, variam de acordo com as plataformas, começam nos 6%/7% em plataformas Portugueses e podem chegar até 15% em plataformas fora de Portugal. Estes são maioritariamente pagos mensalmente. As taxas são brutas, seguidamente serão tributados a uma taxa de 28%. Em algumas plataformas é automático, noutras há a necessidade de colocar no Anexo E do IRS, no caso de Portugal.
O período de carência varia de acordo com o projeto e também com a plataforma. Por norma são uns meses, mas podem chegar até anos. Durante este tempo, o dinheiro pode ou não ficar bloqueado na plataforma. Iremos ver em mais detalhe na secção relativa às diferentes plataformas.
Quais as plataformas peer-to-peer?
Há diversas plataformas atualmente, tanto em Portugal, como no estrangeiro. As plataformas variam consoante os projetos que apresentam, nas taxas, bem como na confiança que apresentam aos investidores. As plataformas mais populares, devido ao número de investidores, são apresentadas abaixo:
- Bondora;
- Mintos;
- Viainvest;
- Estateguru;
- PeerBerry;
- Crowdestor.
Como investir p2p em Portugal?
Atualmente, existem duas plataformas operacionais com maior evidência no mercado peer-to-peer em Portugal, fala-se da GoParity e da Raize.
Raize
A Raize é uma plataforma de financiamento lançada em 2015, e cotada na bolsa Euronext Lisbon, investindo até ao momento, um total de cerca de 54 milhões de euros na economia portuguesa e desta forma gerando apoio para mais de 150.000 empregos em Portugal.
Com um investimento de 20€, é possível fazer parte de um projeto de uma determinada empresa. De momento, conta com mais de 68 844 investidores e com oportunidades de retorno acima de 5.95%, segundo os dados apresentados no website.
GoParity
A GoParity é uma plataforma de investimento peer-to-peer, focada em empresas que pretendem investir em projetos sustentáveis. Nasceu no Porto em 2017 e, desde então, financia diversos projetos em vários países. A partir de 5€ é possível abrir conta e começar a investir em projetos sustentáveis.
Segundo o website, já foram financiados 147 projetos com uma rentabilidade média anual de 5,25%. Conta com 11 milhões € investidos e cerca de 19 mil investidores.
Uma das maiores vantagens de investir em plataformas portugueses, com projetos em Portugal é que as mesmas fazem retenção na fonte e desta forma o valor final creditado na conta, é o valor líquido (28% de imposto).
Quais as melhores plataformas para investir?
Os rankings das melhores plataformas de empréstimos P2P são feitos com base na relação risco/recompensa e nas diferentes funcionalidades disponíveis nas mesmas. Dado que movimentam milhares de euros diariamente, necessitam de ter uma base sólida e de confiança para os investidores. Eis alguns fatores que influenciam a classificação das plataformas P2P:
- Proteção: Como investidor P2P, o investidor tem de sentir que está numa plataforma segura e confiável. Portanto, o esquema de proteção da plataforma é um fator que é avaliado para determinar onde está presente a menor quantidade de risco. Na eventualidade, da empresa que pediu o empréstimo na plataforma não cumprir com o que ficou prometido, a plataforma paga o valor estabelecido ao investidor;
- Taxa de juros média: Observando a taxa de juros média na plataforma, é possível fazer uma estimativa de forma a compreender valor que pode-se ganhar na mesma. É um dos fatores preponderantes na escolha da plataforma;
- Transparência: Como o mercado de empréstimos P2P é muito novo e sem muita regulamentação, é importante que nada fique escondido dos investidores. É importante que as plataformas apresentem todos os seus dados (receitas, despesas, perdas) aos investidores;
- Anos no mercado: uma plataforma mais antiga, com um histórico longo e limpo geralmente é mais confiável do que a plataforma lançada no mês passado;
- Número de investidores: Em geral, as melhores plataformas de empréstimos Peer-to-Peer fornecem o maior valor (rendimento) para os investidores e são capazes de atrair muitos investidores;
- Venda rápido: Com as mudanças do modelo de negócio das plataformas, os credores P2P devem ter a opção de deixar a plataforma com a ajuda de um mercado secundário ou similar. Assim podem vender o seu empréstimo a outro investidor e não tem de esperar até que o prazo cesse.
Com base nos fatores apresentados acima, reunimos numa tabela as principais plataformas e as suas principais características. (Dados obtidos através: https://p2plendingsites.com/)
P2P Plataforma | Taxa de juros média | Tipo de Investimento | Proteção | Investimento Mínimo | Mercado Secundário |
Bondora | 7.5% | Múltiplo | Sem garantia | 1€ | Não |
Mintos | 9.49% | Consumidor | Garantia de retoma | 10€ | Sim |
Vianinvest | 12% | Múltiplo | Sem garantia | 10€ | Não |
Estateguru | 11.25% | Imóveis | Sem garantia | 50€ | Não |
PeerBerry | 10.97% | Consumidor | Garantia de retoma | 10 € | Não |
Crowdestor | 19.59% | Consumidor | Sem garantia | 50€ | Sim |
Raize | 6% | Consumidor | Sem garantia | 20€ | Não |
Goparity | 6% | Sustentável | Sem garantia | 5€ | Não |
Quais os riscos deste investimento?
Os projetos P2P tornam-se aliciantes devido à taxa de juro mais elevada comparativamente a outros produtos. Por outro lado, há que aliviar os riscos inerentes e os objetivos de cada um.
O investimento nestas plataformas é considerado dos mais arriscados para longo prazo, dado que os investidores investem em empresas pequenas que não conseguiram ter o investimento por parte de instituições bancárias. Deste modo, na eventualidade da empresa não conseguir pagar de volta e se a plataforma não responsabilizar, o investidor perderá parcial ou totalmente o valor investido.
Antes de um projeto ser lançado nas plataformas P2P, as mesmas analisam internamente os projetos de forma a atribuírem uma taxa de juro. A taxa de juro está inerente ao risco do projeto. Assim, projetos com taxas mais baixas apresentam um risco mais reduzido.
De forma a diminui o risco, os utilizadores que investem em P2P têm tendência a diversificar em várias plataformas, atenuando a possibilidade de perda total.
Em suma, é de realçar que antes de começar em qualquer investimento é necessário compreender o mesmo. O melhor investimento é sempre em nós mesmos.