Os tempos conturbados que vivemos, fruto de crises financeiras e bancárias, de depressões e constrangimentos pandémicos obrigam-nos a parar e pensar em formas de encarar o futuro com mais otimismo. E porque não começar por criar um fundo de emergência? Pode não significar um amanhã mais tranquilo, mas, sem dúvida, pode vir a torná-lo reconfortante.
É certo que as taxas de poupança das famílias portuguesas sempre foram baixas, mas, ainda assim, é importante conhecer como fazer face aos imprevistos.
Parte desse futuro incerto pode ser suprido com a criação de um fundo de emergência. Ser formiga num mundo de cigarras, para “cantar e dançar” nos invernos da vida! A analogia à fábula de La Fontaine assenta “como uma luva” num “pé de meia”!
O que é um fundo de emergência?
Um fundo de emergência, tal como o nome implica, é um valor monetário criado para responder a um momento não previsto e de caráter singular. Imprevistos fazem, indubitavelmente, parte da vida – mesmo as mais programadas: um problema de saúde, uma redução nos rendimentos, um desemprego ou outra emergência pontual.
Portanto, criar um fundo que possibilita atravessar momentos críticos, sem recorrer a (novos) créditos ou aumentar o endividamento, é o intuito primário de um fundo de emergência.
Como calcular o fundo de emergência?
O valor do fundo de emergência é variável para cada pessoa / agregado familiar.
O cálculo do fundo de emergência começa com a soma das receitas e das despesas mensais, com a subtração destas últimas à primeira, que lhe permite calcular também a sua taxa de esforço. O fundo de emergência irá corresponder a 3x, 6x ou 12x o valor das despesas mensais, respondendo assim a uma “crise” por três, seis ou doze meses.
Portanto, se tem despesas mensais de 1000 euros e quer criar um fundo de emergência para 6 meses, este será de 6000 euros.
Quanto tempo precisa para criar o fundo de emergência?
O tempo para criação de um fundo de emergência está ligado ao valor das suas receitas – o seu salário líquido mensal, se for trabalhador dependente – e das suas despesas mensais.
Ou seja, quando recebe 1500 euros e tem despesas, fixas e variáveis, no montante de 1000 euros, o valor que pode reservar é de 500 euros. Tomando como exemplo o caso acima, do fundo de emergência de 6000 euros, vai precisar de um ano para criar o fundo de emergência.
Isto, num cenário ideal, que lhe permite “poupar” 33% do salário. Por norma, a percentagem é (infelizmente) inferior, numa contribuição de 5% a 10% para o fundo de emergência.
Onde colocar o dinheiro?
Lembre-se que o fundo de emergência tem como objetivo responder a uma necessidade imprevista. Deve focar-se no intuito do fundo para escolher onde o colocar. Ao contrário de fundos de investimento ou de certificados de aforros, o fundo de emergência não se destina à rentabilização, mas sim à resposta efetiva e imediata em caso de emergência.
Portanto, o fundo de emergência deverá, por norma, ser colocado em contas poupança ou depósitos a prazo mobilizáveis. Estes produtos financeiros são soluções que permitem ter acesso imediato ao dinheiro, se a situação assim o exigir.
Quando criar um fundo de emergência?
A opção de ter um fundo de emergência cabe a cada indivíduo, em função da sua situação económico-financeira. Porém, se tiver despesas fixas mensais, criar um fundo de emergência pode evitar situações de sobreendividamento em momentos difíceis.
Aconselhamos também uma revisão das despesas supérfluas que possam impactar a sua taxa de esforço e assim aumentar o valor disponível para poupança.
Portanto, depois de pagar as despesas do agregado, ainda tem uma fatia para poupar. Assim sendo, coloque essa “fatia” no seu fundo de emergência até completar o bolo!
A poupança em Portugal
De acordo com o INE – Instituto Nacional de Estatística, a taxa de poupança das famílias portuguesas, no 4º trimestre de 2020, atingiu 12,8%, devido sobretudo à variação negativa do consumo no contexto de pandemia. A verdade é que, exceção feita ao trimestres da crise pandêmicas, a taxa de poupança das famílias portuguesas situa-se entre os 5% a 8%, o que dá conta da dificuldade/impossibilidade de se criarem fundos de emergência.