Tem dúvidas sobre o Crédito Consolidado? Este artigo explica-lhe tudo!

Escrito por:

Diogo Cardoso
Tem dúvidas sobre o Crédito Consolidado?

O advento da crise pandémica de COVID-19, veio expor e agravar o sobre-endividamento das famílias portuguesas, seja por situações de desemprego, ou por uma inevitável quebra de rendimentos. Quase paradoxalmente, dados do Banco de Portugal demonstram que, em 2021, a concessão de crédito às famílias portuguesas por parte dos bancos registou o seu valor mais alto desde 2008.

Perante um cenário destes, em que a taxa de esforço das famílias pode tornar-se insustentável, é útil ter conhecimento dos recursos que existem para aliviar estas situações, como é o caso do Crédito Consolidado.

Sabe o que é um Crédito Consolidado?

Inicialmente, importa perceber do que se trata quando falamos em crédito consolidado. A consolidação de crédito, num sentido lato, consiste na agregação de diversos créditos num só. Este produto financeiro tem como destinatárias as pessoas que têm vários créditos ativos, que comportam caracteristicamente diferentes montantes e prazos de pagamento.

Ao aderir à consolidação do crédito, conseguirá agrupar, por exemplo, as prestações do carro, da casa ou até de cartões de crédito, numa única prestação, mais baixa do que a soma das anteriores. No imediato, uma das consequências da consolidação será a redução da taxa de esforço a que as pessoas estão sujeitas, podendo até acontecer que a taxa de juro seja também reduzida, o que é mais evidente no caso de se tratarem de créditos a curto-prazo.

Não obstante a diminuição da taxa de esforço e, por conseguinte, o alívio do orçamento mensal, deve realçar-se que esses outcomes são obtidos pelo aumento do horizonte temporal a que está sujeito o pagamento do crédito.

Colocando as coisas numa perspetiva simplista, o crédito consolidado permite uma maior folga orçamental imediata, porém, no longo-prazo, custar-lhe-á um valor mais elevado.

As tipologias do Crédito Consolidado

Exposto aquilo em que consiste o Crédito Consolidado, é útil entender as tipologias do mesmo que temos ao dispor, em Portugal: Crédito Consolidado com ou sem hipoteca.

Como o nome indica, a grande distinção entre as diversas tipologias passa pela inclusão de um imóvel, ou não, como garantia perante o pagamento do Crédito Consolidado. Ao incluir um imóvel como garantia conseguirá um prazo de pagamento mais estendido no tempo e, consequentemente, uma menor prestação, dado que o risco para os bancos ou entidades financeiras será muito menor. Inversamente, não incluindo um imóvel como garantia, o risco a que os bancos estão expostos será maior, o que tem como resultado uma prestação mais elevada, e um menor horizonte temporal para saldar a dívida.

Quais as vantagens e desvantagens da consolidação do crédito?

Ao longo do que já foi dissecado, denotam-se algumas vantagens e desvantagens inerentes ao processo de consolidação do crédito. Posto isto, a nível macroscópico podemos enumerar as seguintes vantagens:

Em contraste, ao nível de desvantagens poderão ser indicadas as que se seguem:

Quem pode recorrer ao crédito consolidado?

Conforme supramencionado, por forma a recorrer ao Crédito Consolidado é condição ‘sine qua non’ o cumprimento de alguns critérios de elegibilidade. Importa, porém, destacar que estes critérios de elegibilidade não são uniformes, podendo variar entre os diversos bancos ou instituições financeiras. Desta forma, por forma a indicarmos um exemplo ilustrativo, enunciamos aqueles que são os critérios da Caixa Geral de Depósitos:

Antes de recorrer ao crédito consolidado verifique se é a melhor opção para o seu caso

Através da leitura do que temos vindo a referir ao longo do artigo, facilmente se perceberá que a decisão de recorrer, ou não, à consolidação do crédito estará dependente das condições idiossincráticas de cada um, ao nível do orçamento disponível.

A decisão de avançar para a consolidação, ou não, deve ser tomada após determinar se este é, de facto, o caminho mais razoável para conseguir fazer face às suas prestações mensais.

Primariamente, faça uma análise sumária do seu orçamento mensal, observe as suas despesas e receitas (calcule aqui o seu salário líquido) e daquilo que é a sua taxa de esforço, por forma a balizar melhor a sua situação. É razoável pensar em alternativas que impliquem fazer uma redução nas despesas, principalmente no caso de despesas que são evitáveis ou que não lhe trazem um valor acrescentado.

Após este primeiro passo de análise, se observar que arrisca entrar em incumprimento, se apresenta uma taxa de esforço insustentável que deseja aliviar ou se apenas quiser tornar o crédito mais prático, pagando apenas uma única prestação, então, aí poderá avançar para a opção do crédito consolidado.

Decidiu recorrer ao Crédito Consolidado: O que precisa de fazer e quanto tempo demora até à consolidação?

Supondo que se decidiu avançar para a consolidação do crédito, deverá fazer-se uma nova análise, mas, neste caso, essa deverá incidir sobre qual a proposta que seja mais vantajosa para si. Deste modo, deve optar-se por verificar quais os bancos que oferecem uma TAEG mais baixa, o que implicará um crédito à partida mais barato; e analisar também qual apresenta uma proposta de prestação em relação ao horizonte temporal, mais proveitosa para o seu bolso.

Como é expectável, a negociação com os bancos e instituições financeiras envolve uma densa carga burocrática, com o imperativo de entregar diversos documentos para que se possa efetivar a análise do pedido. Posto isto, deverá, à partida, preparar a seguinte documentação que terá de entregar:

Após entregue a documentação acima referida, o seu processo seguirá para a avaliação, sendo que, o tempo até obter o Crédito Consolidado está dependente de diversos fatores, entre os quais, a análise positiva da documentação e a respetiva aprovação do banco. No entanto, poderá contar com um tempo de espera entre 2 semanas a 1 mês, mais coisa menos coisa.

Precauções a ter após a consolidação do crédito

Tendo obtido a consolidação do crédito, é importante perceber que a folga orçamental mensal que conseguiu não deverá servir para novas situações de endividamento que, inexoravelmente, farão agravar a sua taxa de esforço.

Por conseguinte, deverá aproveitar a folga orçamental para procurar equilibrar o seu orçamento familiar. Poderá optar por criar um fundo de emergência, que em situações futuras que possam trazer um novo aperto orçamental será vantajoso para si, ou até avançar para a amortização do seu crédito, de modo a saldar a sua dívida mais cedo.